quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Deserto Azul (Eder Santos, 2014, Brasil)



Da vídeo arte para o cinema narrativo, deserto azul parece estar na transição desses dois caminhos. Diante de uma proposta de se fazer um diálogo, ante de tudo, com a juventude, o filme parece se adentrar em uma realidade “paisagística”, onde seus objetos futurísticos tem suas funções definidas e parecem chegar a dificultar as relações humanas. Esses objetos são antes de tudo cenários ou então obstáculos de uma “humanidade”. A busca que o protagonista traça não fazem um vínculo direto com a tecnologia, nem sequer a negando, mas simplesmente se alienando a ela. Em outras palavras, a usando e a entendendo apenas como algo dado, completo, e não algo incompleto que precisa de uma interação subjetiva para existir ou ter sentido.

Diante disso, o aspecto futurista do filme talvez não seja essencial. A questão que o filme parece sim trazer é sobre como os jovens de hoje se deparam com os símbolos, em seus significados e significantes, e como o simples “sentir” pode guardar a própria resposta e a tão esperada transcendência do protagonista. Nesse ponto o personagem de Chico Diaz aparece para explicitar esse ponto, encarnando assim o arquétipo do sábio que não dá a resposta, mas que aponta questões que ajudam o herói a encontrar seu caminho. Porém esse caminho me parece falso, pois ao explicitar o esvaziamento de significado de seus símbolos o filme cai em um paradoxo da sua própria existência, pois ao propor essa tese o filme não te leva a sentir, mas sim a pensar e é esse o ponto no qual penso que o filme se perdeu. 

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